O Senhor e a Senhora Rato viviam em um campo, e seus filhos foram ensinados a ficar atentos a todos os perigos que cercam a vida de um rato de campo. Mas agora que estavam ficando mais velhos, a Senhora Rato disse ao marido que achava que deveriam ir para uma casa no verão.
— Devemos dar às crianças todas as vantagens que pudermos, e viver em uma casa lhes ensinaria muitas coisas — disse ela. — Eles nunca viram uma ratoeira, e não reconheceriam um gato se encontrassem um.
E assim foi decidido que a família se mudaria na primeira oportunidade. Os ratinhos estavam muito animados e mal podiam esperar pelo momento. Uma chuva forte os atrasou, mas numa noite a lua surgiu e afastou as nuvens, e o Senhor Rato disse:
— Minha querida, este é o momento de mudarmos de residência.
O Senhor e a Senhora Rato correram pelo campo com os pequenos ao lado deles. Era uma distância considerável até a casa mais próxima, e eles tiveram que tomar muito cuidado para não serem vistos por um gato, pois as crianças eram bem pequenas.
Eles não haviam pensado nas poças d’água formadas pela chuva forte, e, justo quando chegaram a uma casa, encontraram uma poça na frente dela que, para eles, parecia um lago.
— Se tivéssemos um barco, — disse a Senhora Rato — poderíamos fazer um passeio ao luar. Seria encantador, e as crianças teriam uma experiência que nunca esqueceriam.
— Acho que posso arranjar isso. — disse o Senhor Rato — Esperem aqui um minuto.
Em poucos minutos, o Senhor Rato voltou com um pedaço plano de madeira que colocou na água.
— Pulem aqui — disse ele aos pequenos. Ele segurou a madeira até que a Senhora Rato estivesse a bordo, e então pulou ao lado dela.
— Isso é muito mais agradável do que contornar o lago a pé — disse ele, enquanto deslizavam, mas de repente pararam.

— Qual é o problema? — perguntou a Senhora Rato.
— Estamos encalhados — respondeu seu marido. — Teremos que esperar por uma brisa.
A lua brilhava intensamente, e a Senhora Rato olhou ao redor.
— E se um gato nos vir? — disse ela.
— O que é isso? — perguntou um dos ratinhos, apontando para algo que caminhava ao lado da água.
— É uma gata — disse a Senhora Rato. — Estamos perdidos. Ó, meus pobres filhos! Todos seremos mortos!
— Fique quieta — disse seu marido. — O Gato não molhará as patas se puder evitar, mesmo para nos pegar, e devemos usar nossa inteligência.
A Gata os viu, mas, como o Senhor Rato havia dito, ela não pretendia molhar as patas.
— O que estão fazendo aí? — perguntou ela. — E se o barco de vocês virar?
— Me disseram que afogamento é uma maneira muito agradável de morrer — disse o Senhor Rato.
— Mas pense nos seus queridos filhos — disse o Gato.
— Estou pensando — respondeu o Senhor Rato. — E acho que eles estão muito mais seguros aqui no momento do que em terra.
A Gata andou ao redor, mas a água era bem funda, mesmo para ela, e ela não se aventurou perto da família de ratos, mas sentou-se à beira da água e observou.
— Suponho que as crianças deveriam estar na cama — disse o Senhor Rato, após um tempo, mas sua esposa não respondeu; estava assustada demais.
— Você pode nos ajudar a chegar à terra, Dona Gata — disse o Senhor Rato. — Se quiser, pois não sabemos quando uma brisa surgirá, e talvez tenhamos que ficar aqui a noite toda.
— Ficaria muito feliz em ajudá-los a chegar à terra — disse a Gata. — O que posso fazer?
— Se você jogasse uma ou duas pedras na água — disse o Senhor Rato — isso a agitaria, e o movimento levaria nosso barco para o outro lado.
“Posso chegar ao outro lado antes que eles escapem” pensou a Gata. “E posso pegar um, talvez dois.”
Então, ela respondeu:
— Sim, claro, estou sempre feliz em dar uma mãozinha.
A Senhora Rato reuniu seus pequenos ao seu redor, tremendo enquanto o fazia, mas sabia que seu marido era um sujeito sábio e confiava nele.
— Quando chegarmos à terra — disse ele — devemos correr mais rápido do que nunca. Lá vem ela com as pedras; agora, estejam prontos.
A Gata rolou uma pedra na água, e o barco se moveu. Depois, rolou a segunda, e dessa vez o barco deslizou até a borda da água.
A Gata correu ao redor da poça, mas o Senhor e a Senhora Rato correram, e os ratinhos também, e quando a Gata chegou ao outro lado, viu as caudas deles desaparecendo sob os degraus da casa, e como não havia um buraco grande o suficiente para ela entrar, sabia que os havia perdido.
O Senhor Rato era muito educado e sabia que seria muito rude não agradecer à Gata por ajudá-los, então foi até onde pudesse vê-la sem ser visto e disse:
— Muito obrigado, Dona Gata, por nos ajudar. Se algum dia eu puder retribuir, farei isso, e nunca esquecerei sua gentileza.
— Foi um prazer, asseguro-lhe — respondeu a Gata. — E certamente nunca esquecerei você ou sua família.
Enquanto se afastava, a Gata disse a si mesma:
— Vou ficar de olho nessa família. Eles certamente vão correr pela casa.