Há muito tempo, na vasta cidade de Joanesburgo, nasceu uma menina.
Essa menina era eu. Minha mãe me chamou de Miriam. Miriam Makeba.

Mamãe era uma curandeira, mas também trabalhava deixando as casas das outras pessoas limpas e arrumadas. Era difícil para minha mãe ganhar o suficiente para sustentar nós duas. Então ela começou a vender cerveja caseira para conseguir mais dinheiro.

As leis do país diziam que vender cerveja caseira era errado. A polícia mandou minha mãe para a cadeia por longos seis meses. Eu tinha apenas 18 dias de vida e precisava da minha mãe. Então, mesmo sendo só um bebê, fui para a prisão com ela.

As leis do país diziam que vender cerveja caseira era errado. A polícia mandou minha mãe para a cadeia por longos seis meses. Eu tinha apenas 18 dias de vida e precisava da minha mãe. Então, mesmo sendo só um bebê, fui para a prisão com ela.

Eu cantava na minha igreja, e isso também deixava os outros felizes. A música tem o poder de unir as pessoas. Quando cantávamos, nos sentíamos corajosos e fortes.

As pessoas diziam que minha voz era um dom e que minhas canções eram especiais. Cantei com outros músicos e a nossa música foi ouvida no mundo todo.

Meu lar era Sophiatown, um lugar cheio de cultura e música. Sophiatown era um lugar onde os sul-africanos podiam fazer música em harmonia e dançar juntos.
Mas os governantes da época não gostavam dessa união. Eles não queriam que pessoas negras e brancas fossem amigas.

Eu sabia que era errado tratar as pessoas de forma diferente por causa da cor da pele.
Não escondi o que acreditava, e por isso, aqueles que mandavam quiseram me tirar do país.
Quando eu estava cantando na América, me disseram que eu nunca mais poderia voltar para casa.

Pessoas do mundo inteiro ouviram minha história.
Minhas canções e meu relato ajudaram muitos a perceber que não havia justiça na África do Sul para quem tinha a pele negra. Decidi continuar cantando e contando a verdade sobre meu país, acontecesse o que acontecesse.

O mundo amou minha música, e fui bem recebida em muitos países. Ganhei prêmios e cantei para pessoas importantes em todo o planeta. Minha vida era boa, mas algo faltava.
Eu não podia cantar no meu país, e as pessoas de lá não eram livres.

Então, um dia maravilhoso chegou, quando Nelson Mandela se tornou presidente da África do Sul. Novas pessoas passaram a governar, e as leis injustas ficaram no passado.
Finalmente voltei para casa com nova esperança no coração.

Depois disso, eu podia cantar em um país livre e justo. Pessoas de diferentes cores de pele podiam aproveitar a música juntas. Ajudei a tornar isso possível porque fui corajosa e forte. Cantei a verdade em todas as minhas músicas.

Credits
Publicado originalmente por Book Dash sob a licença Creative Commons Licensed BY 4.0. Este livro pode ser lido gratuitamente em https://bookdash.org/books/singing-the-truth e foi criado por: Louwrisa Blaauw (Illustrator), Jade Mathieson (Writer), Bianca de Jong (Designer)